Corria o ano de 1968 e o LSD inundava as mentes da galera. Essa banda inglesa, formada em 1961, já era conhecida pela sensacional balada psicodélica "She's Not There", de 1964, mas ainda eram uma 'One Hit Wonder'. Então produziram essa obra-prima, sonzeraça de primeira. Depois dos Beatles e dos Beach Boys, o Zombies foram o maior expoente do "Pop Barroco", música com belas harmonias vocais e e arranjos instrumentais evocando paisagens rurais, camponeses, essas coisas... No Âmago dessa sonoridade está o órgão de Rod Argent, fortemente influenciado pelo Jazz de Jimmy Smith e companhia bela, e os vocais sussurrados de Colin Blunstone. Faixas como 'Care of Cell 44', 'Cheanges', This will be our year', 'Beechwood Park' e a sensacional 'Time of the Season' transpiram climas ensolarados psicodélicos. Boa pedida pra esse fim de ano de sol e calor tropical.
Dado curioso: Quando foi lançado, "Odessey and Oracle" foi praticamente ignorado pelo público e crítica, e vendeu quase nada. A banda não aguentou a barra e se separou logo depois. Apenas dois anos depois 'Time of the Season' começou a tocar em rádios e chegou às paradas de sucesso, reacendendo o interesse pela banda.
Corria o ano de 1945 e esses dois sujeitos estavam inventando o Bebop quando rolou essa lendária temporada de shows na Prefeitura de Nova York. Em uma palavra: Histórico. Os masters gravados em acetato dessa sessão de 22 de junho de 45, ainda na ressaca do fim da 2ª Guerra Mundial, foram redescobertos em 2005 e ganharam essa edição remasterizada. Claro que a gravação da época não era grandes coisas, mas pensando positivo, isso também contribui para o clima antigo da parada.
Aqui o trompete de Dizzy e o sax de Bird estão respaldados pela batera de Max Roach, o sax tenor de Don Byas e o piano de Al Haig, fazendo clássicos do porte de 'Salt Peanuts', 'A Night in Tunisia', 'Groovin' High' e a faixa de abertura, simplesmente, 'Bebop'.
Jean Baptiste Reihardt nasceu na Bélgica, em 1910. Mas era cigano, de família cigana, então não dá pra dizer que ele era belga, nem francês, embora tivesse vivido a maior parte da vida na França. Em contato com a riquíssima tradição musical cigana, aprendeu a tocar violino ainda cedo, e depois escolheu o violão como instrumento. O acampamento onde morava, nas proximidades de Paris, pegou fogo em 1928, e Django queimou a mão esquerda, o que não o impediu de continuar tocando, e o novo jeito que ele encontrou pra tocar é creditado por alguns críticos como marca do seu estilo inconfundível no dedilhado. Outra lenda diz que foi durante sua recuperação das queimaduras que ele entrou em contato com o jazz norte-americano, então uma novidade na Europa, ouvindo discos de Louis Armstrong.
Django tocava em cafés parisienses seu som gipsy, começando a sofrer a influência do jazz, quando Pierre Nourri, chefe do Hot Club de France, o primeiro clube de jazz europeu, propôs que ele se juntasse ao violinista Stephan Grapelli em uma banda de cordas. Assim nasceu o histórico Quintet of the Hot Club of France. As gravações da época foram remasterizadas e aparecem agora nessa compilação sensacional lançada recentemente.
Django ficou famoso, mas o espírito cigano seguia forte. Muitas vezes ele sumia e ia passear no campo, faltando a shows, entre outras peripécias. Para saber mais sobre a colorida vida de Django, recomendo o filme Sweet and Lowdown, de Woody Allen, uma semi-biografia com Sean Penn no papel de Django.
ERRATA: Falei merda, "Sweet and Lowdown" não é uma biografia de Django. O personagem vivido por Sean Penn é do violonista fictício Emmet Ray, obcecado por Django. O filme é feito como se Ray tivesse realmente existido, e suas peripécias com mulheres, bebedeiras e outras fanfarronices são livrementes baseadas na vida de Django. Aliás, o filme é bem legal, assistam!
Django Reinhardt with Stephane Grappelli and the Quintet - Hot Club Remastered (2009)
01.Dinah 02:34 02.Oh Lady Be Good 02:51 03.Blue Rag 02:54 04.Djangology 02:55 05.Swing Guitars 02:22 06.Sweet Chorus 02:42 07.Liebestraum 03:18 08.Tears 02:36 09.St Louis Blues 02:40 10.Minor Swing 03:12 11.Vipers Dream 03:13 12.Tea for Two 02:50 13.My Sweet 02:56 14.Daphnee 03:06 15.Stockholm 02:45 16.Hcq Strut 02:54 17.The Man I Love 03:09 18.Swing 39 03:14 19.Nuages 03:18 20.Sweet Sue 02:49 21.Manoir De Mes Reves 03:17 22.Echoes of France 02:45 23.September Song 03:16 24.Topsy 03:03 25.Lover Man 03:09
Dando continuidade à toada latina, subimos um pouco mais para o norte, mas ainda abaixo do Río Grande (ou Río Bravo). A melhor banda de México que yo conozco chama-se Café Tacuba. A banda, que depois mudou o nome para Café Tacvba, é formada por quatro chilangos, como são conhecidos os habitantes da Cidade do México. Com uns 20 anos de estrada, são um ícone do rock mexicano. O álbum aqui postado chama-se Avalancha de Éxitos, de 1996, e como o próprio nome indica é uma coletânea de sucessos – dos outros. Explico: são oito covers de outros cantores hispanohablantes. Destaque pra Chilanga Banda, um rock-rap cantando inteiramente em chilangoñol, o “dialeto” callejero típico da cidade... vou colocar aqui só o refrão, quem souber a tradução ganha uma breja na cerca-frango! Suerte!
Pachucos, cholos y chundos, Chinchinflas y malafachas Aca los chompiras rifan Y bailan tibiritabara
Este post foi escrito por um iniciante na midia digital.
Dando continuidade à pequena resenha/homenagem/seleção de blogs musicais, apresentamo-lhes o Rebel Sounds. Blog de musica sul e centro-americana, europeia latina, e sei la mais o que. Não digo que seja musica latinoamericana porque acho que ela é muito mais afroindigena e mestiça do que latina - como toda nossa américa, aliás. Musica com pegada politico-libertária-legalista-ambientalista-socialista e por aí vailista. Ou não também, essa é apenas a minha interpretação do blog.
Enfim, já a muito tempo os caras hospedam de chico science a fabulosos cadilacs. Tendência rock-punk-ska-regional-afro-reggae-eletronico-rap (muito divertido tentar descrever esses conceitos...) e bossa nova. (brincadeira, bossa nova não).
Mas esse post é também uma homenagem ao Tropeço, que veio me perguntar da Colômbia. Justo a Colômbia, hahaha! Boa viagem maestro, aproveite!
A ver...
1- Los Gaiteros de San Jacinto - Un fuego de sangre pura
A Cumbia Colombiana é UNANIMIDADE CONTINENTAL. A história viva, sendo contada. As gaitas são como duas flautas, uma macho e outra femêa. Apaixonante. Esse é apenas um gostinho... tem mais coisa nesse blog Purayuca (mandioca pura). Saboreiem os tambores. A foto é dum disco mas o link é duma coletânea.
Mais musica colombiana. O que acontece quando um produtor inglês fica amigo dum grupo de cumbia contemporânea? More Grip é a resposta. Não se engane pelos nomes em ingles, a musica é caribenha pura.
l Seguimos no Blog, música argentina agora. Também mestiça em todas as formas, mas essencialmente o encontro da musica regional argentina com o bom rockska. Disco de 2007. Enjoy.
01. Falopero 02. Santa Anita 03. El Mundo 04. Echale Semilla 05. Sonno Le Mie Cossa 06. Tafí Del Valle 07. Los Ejes De Mi Carreta 08. Andaré 09. Culebrón 10. Mimbre y Cafe 11. Frontera 12. Vidita
6 - Eduardo Mateo - "Mateo solo bien se lame" (1972)
Um violero trovador uruguaio, Eduardo Mateo tinha especial apreço pela musica brasileira da época, em especial a bossa nova. Como o post é homenagem ao maestro Tropesso, fica também um pedido né. Toca Mateo!
Ah, Nina... A moça era o blues e o soul encarnados. Esse disco de 1967 é um dos seus melhores registros, mas claro, tem muitos outros para explorar. Nesse link, você acha quase tudo de Miss Simone. Já nesse humilde Ouveaê ficamos com esse Sings the Blues, que o nome já entrega: é bluesera da melhor qualidade, com composições de George Gershwin, Bessie Smith e talvez a melhor versão do clássico "The House of the Rising Sun". Belo representante dos sons "to make love to your ol' lady".
O sérvio Mitar Subotic nasceu em 1961 na cidade de Novi Sadi, no que então era a Iugoslávia. Estudou música clássica e erudita e pesquisou a música folclórica tradicional sérvia. Foi um dos pioneiros na utilização da eletrônica na música em seu país natal. Em 1986 seu disco In the Mooncage, que misturava o folk sérvio com eletrônica, ganhou um prêmio da Unesco e Suba veio ao Brasil, com uma bolsa para estudar os ritmos afro-brasileiros. Se apaixonou pelo Brasil e se mudou definitivamente para cá em 1990, pouco antes de estourar a guerra civil na Iugoslávia, se estabelecendo em São Paulo. Produziu discos para Marina Lima, Edgard Scandurra (em seu projeto solo eletrônico Benzina), Bebel Gilberto, Edson Cordeiro, Arnaldo Antunes e muitos outros.
Em 1999 havia finalizado o álbum Tanto Tempo, de Bebel Gilberto, e este São Paulo Confessions, homenagem à cidade que escolheu para viver, também estava pronto. Um incêndio atingiu seu apartamento-estúdio e Suba morreu asfixiado pela fumaça, tentando salvar o material gravado com Bebel. Lançado poucas semanas após sua morte, São Paulo Confessions ficou também como uma homenagem ao próprio Suba. As músicas, em parcerias com nomes como a cantora Cibele, Arnaldo Antunes e João Parahyba, percussionista do Trio Mocotó, transpira 'paulistanidade'. É eletrônico e sambista, cosmopolita e local, evoca noites chuvosas e apartamentos do edifício Copan. Foi louvado pela crítica tanto aqui quanto no exterior, e com todos os méritos.
Nos dez anos da morte de Suba, vai rolar hoje um show-tributo no Sesc Pompéia: Suba Connections, com participação de muitos músicos que trabalharam com o sérvio-brazuca.
O clássico desta segunda-feira é outro que parte dos princípios punks mas não se prende nos bons e velhos três acordes. O Television é uma banda novaiorquina, o primeiro grupo Punk a se apresentar no famoso CBGB's, que até então só apresentava grupos de blues e country (sim, antes até dos contemporâneos Ramones). Formado pela dupla de guitarristas Tom Verlaine (também vocalista) e Richard Lloyd, que, exímios no instrumento, estão a anos luz do guitarrista punk típico. Verlaine e Lloyd conversam através dos acordes. Completavam o Television o baixista Fred Smith e o baterista Billy Fucca.
Herdeiros legítimos do Velvet Underground, estes art-funks fizeram músicas tensas, com referências intelectuais e poesia urbana pra ninguém botar defeito, tudo epitomizado na épica faixa título, que tem um dos mais memoráveis solos de guitarra da história do rock. Além desta, faixas como Venus, See No Evil e Friction também são puro deleite. No começo da primeira faixa, See No Evil, Tom entrega o ouro: What I want, I want now! and it's a whole lot more than 'anyhow'. I want to fly, fly a fountainI want to jumpjumpjumpjump a mountain! Yeah!
Revolucionário em todos os sentidos, Fela Anikulapo Kuti foi ativista político, defensor dos diretitos humanos e um músico genial. Nascido na na Nigéria, na década de 30, ele se mudou para Londres nos anos 50 e lá teve contato com ritmos novos que entraram para o seu caldeirão musical, dando origem ao Afrobeat. Essa mistura de jazz, funk, música africana e uma bela dose de piração fez do senhor Fela Kuti o músico mais popular da africa nos anos 70.
Cansado de se submeter aos desmandos do governo nigeriano, ele fundou aRepública Kalakuta, uma comuna, um estúdio de gravação e uma casa para muitos conectados à banda a qual mais tarde ele declarou independente do Estado da Nigéria.
A gota d'água para o governo foi o lançamento do album ZOMBIE. Uma referência explícita aos métodos das forças armadas nigerianas. O sucesso foi imediato e a repressão também: sua comuna foi invadida, destruída e incendiada. De quebra, Fela foi espancado e preso.
Enfim, essa é só uma história pra traçar os contornos do momento histórico do lançamento do álbum. O importante mesmo é a música que é muito foda! Com looongas músicas hipnóticas abusando de intrumentos de sopro, e batidas tribais e coros femininos esse álbum é um clássico absoluto (apesar de ser underground).
1. Zombie 2. Mister Follow Follow 3. Observation Is No Crime 4. Mistake
1970. Um ano depois do sucesso do Woodstock, todo mundo queria tirar sua casquinha na onda dos festivais ao ar livre na América do Norte. No Canadá, bandas viajavam de trem pelo país tocando de cidade em cidade. Não demorou para um espertalhão ter a ideia: por que não fretar um trem de artistas consagrados que durante o verão atravessaria o Canadá parando de ponto em ponto fazendo shows?
A experiência de aglutinar Grateful Dead, Buddy Guy, Janis Joplin, Jerry Garcia e um monte de outros músicos talentosos rendeu o documentário Festival Express, dos diretores Bob Smeaton, Frank Cvitanovich, gravado em 1970 e realizado apenas em 2003.
Mas calma lá. Não espere ver sexo, drogas e rock'n'roll sobre trilhos. O documentário tem seu quê de politicamente correto e se limita a mostrar as jams dentro dos vagões e os shows feitos nesse rolê de costa-a-costa pelo Canadá. O que convenhamos, não é pouco, musicalmente falando. Na piração, entretanto, é verdade que o filme deixa a desejar.
Assim como o Woodstock, o Festivalk Express também rendeu um belo preju para seus organizadores. A juventudo canadense achou por bem não pagar pelos ingressos e começou uma campanha "festival free" que acompanhou a trupo ao longo de toda a viagem. Entrar para a história dos festivais de música tem seu preço.
Final dos anos 70, interior da Inglaterra. O furacão punk já varria a terra da rainha, e a vertente skinhead começava a surgir com seus discursos racistas e anti-imigrantes. Uma galera mais esperta, liderada pelo The Clash, fazia o contrário, incorporando as sonoridades negras, principalmente da Jamaica (Reggae, Ska, Dub, Rocksteady), afinal muitos jamaicanos foram morar na ex-metrópole nesta época. Em 1977, na cidade de Coventry, uns moleques antenados com o punk e com a música jamaicana montaram o Special A.K.A., que depois ficou conhecido como The Specials, e iniciaram a chamada segunda onda do Ska. Os Specials tinham branquelos ingleses e negões jamaicanos na sua formação. Daí surgiu a idéia do Two-Tone, e a característica identidade visual em preto e branco que marcaria esse estilo. Daí também surgiu a gravadora 2 Tone Records, fundada pelo tecladista do Specials Jerry Dammers, que lançou diversas bandas do two-tone ska e tornou a música mais divertida. Afinal, quer coisa mais divertida do que um Ska bem mandado?!
Pois bem, em 1993 a 2 Tone lançou essa compilação em dois CD's com todos os singles lançados pela gravadora. Além dos clássicos do Specials, atenção pro Selecter, banda só de minas, Madness, Bodysnatchers e English Beats, entre outras. É só pepita!
The 2 Tone Collection - A Checkered Past (1993)
Disco 1
01 - Gangsters - The Special A.K.A. 02 - The Selecter - The Selecter 03 - The Prince - Madness 04 - On My Radio - The Selecter 05 - A Message To You - The Specials 06 - Nite Klub - The Specials 07 - Tears Of A Clown - The Beat 08 - Ranking Full Stop - The Beat 09 - Too Much Too Young - The Special A.K.A. 10 - Guns Of Navarone - The Special A.K.A. 11 - Three Minute Hero - The Selecter 12 - Let's Do Rock Steady - The Bodysnatchers 13 - Ruder Than You - The Bodysnatchers 14 - Missing Worlds - The Selecter 15 - Rat Race - The Specials 16 - Rude Boys Out Of Jail - The Specials 17 - Easy Life - The Bodysnatchers 18 - Too Experienced - The Bodysnatchers 19 - Stereotype - The Specials 20 - International Jet Set - The Specials 21 - Away - The Swinging Cats 22 - Mantovani - The Swinging Cats 23 - Sea Cruise - Rico 24 - Do Nothing - The Specials 25 - Maggie's Farm - The Specials
Disco 2
01 - Ghost Town - The Specials 02 - The Boiler - Rhoda 03 - Jungle Music - Rico 04 - The Feeling's Gone - The Apollinaires 05 - Tear The Whole Thing Down - The Higsons 06 - Ylang Ylang - The Higsons 07 - Envy The Love - The Apollinaires 08 - War Crimes (The Crime Remains The Same) - The Special A.K.A. 09 - Run Me Down - The Higsons 10 - Racist Friend - The Special A.K.A. 11 - Bright Lights - The Special A.K.A. 12 - Nelson Mandela - The Special A.K.A. 13 - Break Down The Door - The Special A.K.A. 14 - What I Like Most About You Is Your Girlfriend - The Special A.K.A. 15 - Window Shopping - The Friday Club 16 - The Alphabet Army - J.B.'s Allstars 17 - Raquel - The Specials 18 - Braggin' And Tryin'' Not To Lie - Roddy Radiation And The Specials 19 - Rude Boys Outa Jail - Neville Staples A.K.A. Judge Roughneck
Mais uma semana começa, e mais uma postagem clássica surge para vossa satisfação aqui no Ouveaê! Como eu não estou com muita imaginação hoje, peguei mais um disco essencial na coleção de qualquer interessado na música brasileña. Tom Zé, um dos grandes iconoclastas e inovadores da MPB, fez parte da galera que fez a Tropicália mas, gênio de gênio difícil, não seguiu o sucesso e a posterior acomodação dos medalhões Gil, Caetano e Gal. Boicotado pelo establishment da MPB, continou e está até hoje fazendo música da melhor qualidade nas beiradas da indústria musical, e ainda tem tempo para cuidar do jardim do prédio onde mora, em Higienópolis. Baiano radicado e adotado por São Paulo, fez da cidade inspiração.
Esta que talvez seja sua obra-prima, lançado em 1976, após o polêmico "Todos os Olhos" (o disco d bolinha de gude no CU), traz Tom Zé desconstruindo o ritmo brasileiro oficial, o samba, respaldado pelo sambista de raiz Elton Medeiros. Todos os sugêneros do samba são destrinchados e reduzidos à essência rítmica: bossa-nova, samba canção, samba de breque... Obra difícil, passou quase despercebida pela crítica na época do lançamento, e precisou um gringo interessado na música brasileira garimpar a bolacha num sebo qualquer de São Paulo para ganhar o reconhecimento merecido. Graças a David Byrne, o irriquieto líder do Talking Heads, que pirou com o disco e relançou nos EUA por sua própria gravadora. Foi aclamado pela crítica internacional, e só assim conseguiu ser ouvido com a atenção devida na terra natal do samba. Portanto, ouçam com carinho essa pequena jóia sonora. A letra da terceira faixa, Toc, resume o espírito da coisa. "Eu to explicando pra te confundir, to te confundindo pra te esclarecer".
Tom Zé - Estudando o Samba (1976)
01 - Mã (Tom Zé) 02 - A Felicidade (Tom Jobim / Vinicius de Moraes) 03 - Toc (Tom Zé) 04 - Tô (Élton Medeiros / Tom Zé) 05 - Vai (Menina Amanhã de Manhã) (Tom Zé / Perna) 06 - Ui (Você Inventa) (Tom Zé / Odair) 07 - Doi (Tom Zé) 08 - Mãe (Mãe Solteira) (Tom Zé / Élton Medeiros) 09 - Hein (Tom Zé / Vicente Barreto) 10 - Só (Solidão) (Tom Zé) 11 - Se (Tom Zé) 12 - Índice (Tom Zé / José Briamonte / Heraldo do Monte)
A seguinte idéia brotou de alguma mente iluminada da Blue Note Records: compilar faixas de funk jazz dos anos 60 e 70 que viraram bases clássicas de rap das 2 décadas seguintes. O resultado é Droppin' Science, 13 sons matadores que vão te deixar com o déjà vu atrás da orelha.
Das 13 faixas, o Ouveaê entrega duas pra começar a brincadeira: Jeremy Steig, em 'Howling For Judy', é o dono da flauta que abre 'Sure Shot' dos Beastie Boys décadas depois. E com 'The Edge', os comparsas David McCallum e David Axelrod inspiraram Dr. Dre na base de 'The Next Episode' (que rolou muito nas baladas de SP tempos atrás).
Tem mais gente que se inspirou nestes sons para rimar em cima como De La Soul, A Tribe Called Quest, Cypress HIll, Run DMC e Notorious BIG. Mas não vamos estragar mais a brincadeira.
Um cara a ser destacado aqui é o saxofonista Lou Donaldson, que abre e fecha a compilação com dois funks elegantes, órgão hammond e uma guitarra esbanjando malandragem.
Droppin' Science - Blue Note greatest samples from the Blue Note Lab (2008)
Para embalar a "Music Monday" mando aqui esse que é talvez o mais belo registro sonoro do Jazz, som espiritual, para falar com a inteligência cósmica superior, feito por "Saint" John Coltrane, que de tão transcedental tem até igreja em sua glória na cidade de San Francisco. Muitos consideram esse disco de 1964 a obra-prima de Coltrane. Eu fico entre esse e Giant Steps, mas A Love Supreme é obrigatório para quem gosta de Jazz. Nesse álbum Coltrane ainda está com um pé no Post Bop de Giant Steps, Blue Train e outros discos anteriores, mas já está na direção do Free Jazz que marcaria o final da sua carreira, que acabou cedo, em 1967, com sua morte aos 41 anos por problemas hepáticos.
Respaldado por McCoy Tyner no piano, Jimmy Garrison no baixo e Elvin Jones na bateria, o sax tenor de Coltrane nunca foi tão profundamente insano quanto nas quatro faixas de A Love Supreme, que as vezes parecem ter uma estrutura mais convencional de jazz para se desfazerem em acordes dissonantes e liberdade rítimica e harmônica total. Enfim, ouçam aê e tentem sacar a descontrução musical operada por Saint John.
Nesta segunda-feira nublada gostaria de prestar uma homenagem ao mestre Neil Young, postando quatro dos seus discos fundamentais gravados entrre 1969 e 1974.
Neil Young é um dos grandes símbolos do que é o rock and roll. Nunca se vendeu, sempre colocou toda sua alma na guitarra e na voz rasgada. Começou nos anos 60, fazendo parte da lendária b
anda Buffalo Springfield. Se juntou ao Crosby Stills & Nash, onde produziu o clássico Deja Vu, em 1970. Mas é com a banda Crazy Horse que ele produziu seus discos mais roots. A Crazy Horse pode ser considerada a maior banda de boteco da História, produzinho um rock pesado, esfumaçado, climático. E as letras de Young, cheias de angústia, se tornaram a inspiração para qualquer moleque querendo se expressar por meio do Rock, tanto que ele se tornou uma espécie de padrinho do movimento grunge.
Em 1969 Young lançou o primeiro álbum com o Crazy Horse, o impecável Everybody Knows This Is Nowhere. Uma porrada recheada de jams viajantes e com guitarras pesando toneladas. A primeira faixa é a maravilhosa "Cinnamon Girl"
Neil Young & Crazy Horse - Everybody Knows This Is Nowhere (1969)
Em 1972, após ter feito Deja Vu com o CSNY, Young lançou outro clássico: Harvest, com canções do quilate de Heart of Gold e The Needle and the Damage Done
Neil Young - Harvest (1972)
1. Out on the Weekend 2. Harvest 3. A Man Needs a Maid 4. Heart of Gold 5. Are You Ready for the Country? 6. Old Man 7. There’s a World
8. Alabama 9. The Needle and the Damage Done 10. Words (Between the Lines of Age)
Neil Young fez ainda outros discassos, como Tonight's the Night, Zuma, e Rust Never Sleeps, recomendo todos, mas esses quatro aqui são o creme de la creme...
Mestre Stevie Wonder, um dos grandes músicos pop da história, estava no auge da criatividade artística em meados dos anos 70, e muitos consideram este o melhor de seus discos, superando outros clássicos como Talking Book (do hit Superstition) e Songs in the Key of Life. Todos são espetaculares (e tão linkados tb!), mas este realmente leva o troféu. Além da maravilhosa e clássica Higher Ground, o resto das músicas também é um soul music pra levantar até defunto. Sonzeraça! Sem falar nessa capa mutcho loca...
Os dois mestres da música instrumental se uniram pra criar um som transcendental. Durante 55 minutos eles carregam nossas almas por uma viagem envolvente e hipnótica.
Esse album traz duas composições de Glass sobre temas de Shankar; duas de Shankar sobre temas de Glass; e uma peça autônoma de cada compositor.
01. Offering 02. Sadhanipa 03. Channels and Winds 04. Ragas In Minor Scale 05. Meetings Along The Edge 06. Prashanti
Outro petardo Funk de 1971, esse produto da mente não menos frita de George Clinton e seu Funkadelic, dream team do Funk influenciado pela psicodelia. Nesse disco o Funkadelic chega no extremo psicodélico, música pra derreter o cerébero, a começar pela faixa-titúlo, com dez minutos de fritação. Sonzeraça!!
Um dos criadores do Funk, Sly Stone foi uma das cabeças mais fritas da música negra norteamericana. Em 1969 Sly e sua banda participaram do festival de Woodstock e lançaram o excelente Stand!, com hits good vibes como 'I wanna take you higher', bem de acordo com o Flower Power e o otimismo reinante na época. Mas, dois anos depois, o sonho já havia acabado, e Sly, cada vez mais afundando nas drogas, criou esta outra obra-prima, em total contraste com Stand. Aqui o funk encontra seu lado negro, com letras desesperançosas e arranjossinistros. Ainda assim, uma tremenda sonzeira. Recomendo ouvir ambos os discos e sacar o MOOD de Sly Stone.
Sly and the Family Stone - There's a Riot Going On (1971)
Pedindo licença a esses Blogs fundamentais, fazemos este post inaugurando a safra de compilações de blogs. Iniciando com um seleto. O melhor da musica jamaicana. You and Me On a Jamboree:
um blog sem precedentes no mundo. porém, já com alguns bons seguidores.
uma seleção realizada por especialistas.
enjoy.
1. Primeiro album de Augustus Pablo:This is Augustus Pablo, 1973
Primeiro disco de Augustus Pablo com influencia de Early Reggae ainda
01 - Dub Organizer 02 - Please Sunrise 03 - Point Black 04 - Arabian Rock 05 - Pretty Baby 06 - Pablo In Dub 07 - Skateland Rock 08 - Dread Eye 09 - Too Late 10 - Assignement No. 1 11 - Jah Rock 12 - Lovers Mood
Ringo Confucious The Reburial Eastern Standard Time Occupation Melancholy Baby Don D. Junior - Heavenless Roll On Sweet Don Elevation Rock Schooling The Duke Lester Sterling & Don D. Junior - African Beat Valley Princess Ouveaê!
3 - Álbum Instrumental fantástico com o saxofonista do Skatalites...
Tommy McCook - Top Secret (1969)
Green Mango Top Secret Wild Bunch Green Apple Beirut Jungle Skank West Street Special Big Bad & Bold Midnight Time Mistic Mood Walk On The Side * Hot Shot * Watch This Music * Sweet Soul Special *
Jackie Mittoo - A Tribute to: Interpretations and Improvisations
01- evening time featuring monty alexander 02- drum song featuring marjorie whylie 03- west of the sun featuring ansel collins and dalton browne 04 hot milk featuring neville hinds 05 autum sounds robbie lyn 06 one step beyond featuring jon williams 07 lazy bones harold butler 08 oboe featuring lloyd obeah denton 09 who done it featuring keith sterling 10- full charge featuring gladstone anderson 11 ram jam featuring ibo cooper 12 dancing groove featuring mallroy williams 13 hot shot featuring sidney thorpe 14 napoleon solo featuring peter ashbourne 15 mission impossible featuring tyrone downie 16 highways featuring carrol bowie mclaughlin 17 darker shade feat. paul wrong, move crossdale 18 clean up feat. wycliffe, steely johnson & cleveland browne Ouveaê!
5 - Crássicos do Reggaemento com o finado Stanley Beckford
Stanley Beckford - Reggaemento
Esse que é o ultimo album de sua carreira, lançado alguns anos antes de sua morte em 2007 por câncer.
01 - Stanley Beckford - Wanted Man 02 - Stanley Beckford - Israelites 03 - Stanley Beckford - Oh Jah Jah 04 - Stanley Beckford - Let The Devil Gwaan 05 - Stanley Beckford - 007 Shanty Town - Ill Neve Grow Old (Medley) 06 - Stanley Beckford - Cause Way Road 07 - Stanley Beckford - Sam Fi Man 08 - Stanley Beckford - Telephone Calling 09 - Stanley Beckford - Feel Like Jumpin 10 - Stanley Beckford - Donkey Man 11 - Stanley Beckford - Oh Jehovah Ouveaê!
6 - Para finalizar, um não-reggae:
Booker T. & The MG's - Soul Dressing (1965)
(recomendando, também, o Green Onions...)
Soul Dressing é o segundo albúm do Booker T., dois anos depois de Green Onions. A musicalidade continua a mesma.
01 - Soul Dressing 02 - Tic-Tac-Toe 03 - Big Train 04 - Jellybread 05 - Aw' Mercy 06 - Outrage 07 - Night Owl Walk 08 - Chinese Checkers 09 - Home Grown 10 - Mercy Mercy 11 - Plum Nellie 12 - Can't Be Still
O som desses caras é embaçadíssimo! Banda de Chicago, formada por nove músicos. Um na bateria, e os outros oito compondo uma linha de metal da pesada. O Hypnotic Brass Ensemble faz um som com muita energia e ótimas melodias com os instrumentos de sopro dominando tudo. Nem dá pra sentir falta de piano, guitarra, baixo. A parada já é completa. São quatro músicos nos trompetes, dois com os trombones, um faz o que seria o baixo no sousaphone (uma espécie de tuba), um no barítono, e o batera ditando o ritmo, com levadas funky/hip-hop/latin/soul. Sete dos integrantes do Hypnotic são irmãos. Todos filhos do trompetista Phil Cohran, que tocava no Sun-Ra Arkestra. Como é uma banda que não necessita de energia elétrica pra tirar um som, os caras fazem várias intervenções nas ruas. Montam a bateria na esquina, no metrô, no parque e tiram um puta som pra todo mundo ver, vendendo os cd’s diretamente na mão das pessoas. Sonzera que vale a pena conferir!
Este primeiro disco solo de Frank Zappa (sem os Mothers of Invention) é mais um ilustre quarentão. A essa altura Zappa já era um nome a se respeitar no rock vanguardista norte-americano. Mais respeitável pensando que ele NÃO usava drogas! De qualquer forma, esse Hot Rats é também a primeira incursão de Zappa pelo terreno do jazz-rock. É quase todo instrumental, com exceção da segunda faixa, 'Willie the Pimp', com vocais do amigo de infância de Zappa Capitain Beefhart. De resto é só fritação com o mestre esmirilhando na guitarra em faixas que aliam a sofisticação musical do jazz com a atitude suja do hard rock, que se alongam por até DEZESSETE minutos sem entediar o ouvinte, como em 'The Gumbo Variations'. Exceção é a primeira, 'Peaches en Regalia', de uma suntuosidade épica em apenas pouco mais de três minutos, e 'Little Umbrellas'. Um clássico indispensável.
Frank Zappa - Hot Rats (1969)
01 - Peaches En Regalia 02 - Willie the Pimp 03 - Son of mr. Green Genes 04 - Little Umbrellas 05 - The Gumbo Variations 06 - It must be a Camel
Na capa deste álbum, os músicos Cecil Spence e Lascelle Bulgin aparecem de muletas no palco. Nascidos na Federação das Índias Ocidentais, como eram conhecidas as colônias britânicas no Caribe até sua independência, Bulgin e Spence se conheceram em uma clínica para vítimas da paralisia infantil. Juntos, eles e Albert Craig montaram a Israel Vibration na década de 1970. A banda jamaicana lançou álbuns sensacionais, como The Same Song, Strengh of my Life e Vibes Alive, mas Live Again! é a cereja do bolo. Feito em parceira com a banda Roots Radics, é uma coletânea de sucessos tocados durante uma turnê feita nos EUA em 1996. As letras são repletas de referências aos misticismos rastafari e suas diferentes vertentes: Bobo Ashanti, Nyabinghi, as Doze Tibos de Israel, entre outros.
Provavelmente o segundo melhor álbum da história do reggae depois de todos os do Bob Marley.
1. Rockfort Rock 2. Same Song 3. Jailhouse Rocking 4. RudeBoy Shufflin 5. Never Gonna Hurt Me Again 6. You Never Know 7. There Is No End 8. On the Rock 9. Greedy Dog 10. Racial Injustice 11. Red Eyes 12. Strength of My Life 13. Licks and Kicks 14. War
Outra obra-prima setentista brasileira que poucos conhecem é esse WALTER FRANCO, em si uma das figuras mais insanas da música tupiniquim, esse disco aqui é coisa séria. Novamente, aqui tem uma resenha melhor elaborada sobre essa pequena pepita sonora.
Walter Franco - Revolver (1975)
01 - Feito Gente 02 - Eternamente 03 - Mamãe D'agua 04 - Partir do Alto / Animal Sentimental 05 - 1 Pensamento 06 - Toque Frágil 07 - Nothing 08 - Arte e Manha 09 - Apesar de Tudo é Leve 10 - Cachorro Babucho 11 - Bumbo do Munco 12 - Pirâmides 13 - Cena Maravilhosa 14- Revolver