segunda-feira, 18 de abril de 2011

Squirrel Nut Zippers, a banda oficial da Cerca Frango

Mas como ainda não tinha Squirrel Nut Zippers nessa pocilga? Nem o Cróvis, o descobridor da banda e IDEALIZADOR deste blog, tinha colocado ainda... Bem, antes tarde do que nunca! Enfim, o Cróvis descobriu esse grupo de RETROSWING (sic) da valorosa cidade de Chapel Hill, North Carolina, com a faixa 'Hell', que fez parte da trilha sonora do filme 'Por Uma Vida Menos Ordinária', de Danny Boyle, cujo CD ele comprou em seu intercâmbio no mais puro MISSOURI.

Bem, o som do SNZ (não confundir com o trio de SARAH SHEEVA, NANA SHARA E ZABELÊ) é um tributo aquele sonzito que embalou muitas noitadas com álcool ilegal durante a lei seca dos anos 20 e que alguém (não lembro quem) considera MÚSICA DE DESENHO ANIMADO. Hot Jazz, gipsy e swing entram na mistura, com pitadas de CARIBE e LESTE EUROPEU. Ou seja, só alegria, tanto com as músicas mais SMOOTH cantadas pela maravilhosa Katherine Whalen quanto as mais animadas, verdadeiras músicas de bebedeira. Não é a toa que a discografia do Squirrel Nut Zippers era presença sonora da trilha de fundo da saudosa MARACANGALHA, principalmente nas noites de terça-feira. E a mais animada de todas, a RUSSA Ghost of Stephen Foster, virou um HIT ECANO nas festinhas de arromba da ECA de 2003 em diante.


Os Squirrels lançaram seis discos entre 1995 e 2000, quando entraram em HIATO. Voltaram apenas em 2007, com a história oficial de que haviam SE PERDIDO NO MAR, lançaram o disco ao vivo 'Lost at Sea' e seguem em turnê com shows animadíssimos que, se A GENTE QUISER, pode vir ao Brasil, porque não?

do catálogo do SNZ, dois discos se destacam:

Squirrel Nut Zippers - Hot (1998)



O segundo disco dos Squirrels tinha o hit 'Hell', a crássica 'Put a Lid on It' e a belíssima 'Blue Angel', com o vocal insado de Catherine Wheelen, entre outras pérolas, com letras bem humoradas e a levadinha swing impossível de não se gostar.

01 - Got My Own Thing Now
02 - Put a Lid on It
03 - Memphis Exorcism
04 - Twilight
05 - It Ain't You
06 - Prince Nez
07 - Hell
08 - Meant To Be
09 - Bad Businessman
10 - Flight of the Passing Fancy
11 - Blue Angel
12 - The Interlocutor

Ouveaê!

Squirrel Nut Zippers - Perennial Favorites (2000)


Além da supracitada 'Ghost of Stephen Foster' tem mais um punhado de ótimos e divertidos swings. Destaque para 'Suits are Picking Up the Bill', 'Fat Cats Keep Getting Fatter' e 'Evening at Lafite's. Os anos 20 devem ter sido realmente muito divertidos...

01 - Suits Are Picking Up the Bill
02 - Low Down Man
03 - Ghost of Stephen Foster
04 - Fallin' With Al
05 - Fat Cat Keeps Getting Fatter
06 - Trou Macacq
07 - My Drag
08 - Soon
09 - Evening at Lafite's
10 - The Kracken
11 - That Fascinating Thing
12 - It's Over

Ouveaê!

Os outros discos tem boas músicas mas são mais desiguais. E claro, pra ter um gostinho de como é um show dos figuras, deve-se ouvir o ao vivo 'Lost at Sea'.

Pior que eu ainda não ouvi! Vou baixar agora, e sugiro que vcs façam o mesmo...

01. Memphis Exorcism
02. Good Enough for Grandad
03. It Ain’t You
04. Prince Nez
05. Put a Lid on It
06. Fat Cat Keeps Getting Fatter
07. Danny Diamond
08. Suits Are Picking Up the Bill
09. My Drag
10. Happens All the Time
11. Bad Businessman
12. Hell
13. Ghost of Stephen Foster
14. You Are My Radio
15. Blue Angel
16. Do What
17. Missing Link Parade



Ouveaê!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Jazz japonês é coisa muito séria


No último mês, o Japão ocupou as manchetes pela tragédia do terremoto seguido de tsunami e desastre nuclear. Completando um mês do terremoto, farei uma homenagem ao bravo povo nipônico através de um assunto inusitado: a insana cena jazz que se desenvolveu na terra do sol nascente entre as décadas de 60 e 70, exemplarmente garimpadas pelo sensacional blog ORGY IN RHYTHM (de quem respeitosamente surrupio os links.)

Após a Segunda Guerra Mundial, o trauma de Hiroshima e Nagasaki e a impensável rendição, o Japão se transformou. Ajudados financeiramente pelo ex-inimigo norte-americano, a economia do país explodiu a partir dos anos 50, e a influência cultural americana se disseminou na tradicional cultura nipônica. Entre as centenas de sub-culturas, algumas mutcholocas, que se desenvolveram no Japão do pós-guerra, o culto ao jazz é uma das mais duradouras. E, a partir dos anos 60, com o rock e o pop dominando a música americana, muitos jazzistas foram para a Europa e o Japão, onde o jazz ainda era consumido com ardor. E, com sua tão falada dedicação e disciplina, alguns japas começaram a tocar jazz e se tornaram mestres quase no mesmo nível dos americanos. O estilo desse jazz japa seventies é meio que uma continuação do que o jazz EUA fazia antes de cair no ostracismo no país natal: um POST HARD BOP MEETS AVANT GARDE, Free Jazz, Fusion, etc, e um subgênero que se tornou muito popular em terras nipônicas foi o jazz rock, releitura jazzy com tempero bossa-nova de sucessos do rock da época.

Um dos grandes jazzeiros japas é o saxofonista SADAO WATANABE, cujo Swiss Air, gravado ao vivo em Montreaux em  1975, eu já coloquei aqui. Então vamos explorar alguns outros, começando pelo monstruoso trompetista TERUMASA HINO.

Hino = Kikuchi Quintet (1968)


Aqui, nosso amiho Hino se junta ao pianista Massabuni Kikuchi para uma session de hard bop para levantar aquele proverbial defunto. Quebradeira! As quatro músicas compostas por Kikuchi soam como as obras primas modais do quinteto de Miles Davis nos anos 60. Arranjos, introduções e a sessão rítmica do quinteto formam a base perfeita para os vôos solo de Hino e Kikuchi. Coisa finíssima! Como de hábito nos posts do Orgy in Rhythm, o disco foi rpado do original em vinil na maior qualidade possível, 320 kbps. 

Faixas:
01 - Tender Passion
02 - Ideal Postrait
03 - Long Trip
04 - H.G. and Pretty


Mal Waldron - Terumasa Hino - Reminiscent Suite (1972)
Aqui é o americano Mal Waldron que assume o piano ao lado do nosso HINO, para duas longas e magistrais suites que ocupam cada uma um lado do vinil, que nunca foi relançado e é uma raridade, mesmo no Japão. O lado A, faixa-título, começa com a mão pesada (no melhor sentido possível) de Waldron debulhando o piano, e evolui com os impecáveis solos de Hino e do resto da banda com destaque para o sax tenor de Takao Uematsu, quebrando tudo e desconstruindo o tema até a música se tornar uma balada moody reflexiva, num total de 23 minutos de puro deleite sonoro. O lado B, Black Forest, começa com uam percussão from hell e flautinhas fritas, seguidas pelo piano de Waldron dando o tema, no compasso 6/8, até a entrada triunfal dos sopros de Hino e Uematsu, com solos inacreditavelmente belos. O resto da banda também aparece e faz seus solos nos mais de 18 minutos de sonzeira. Outra pepita!

Faixas:
01 - Reminiscent Suite
02 - Black Forest


Miyamoto, Naosuke Sextet (1973)


Mudando um pouco os personagem, temos outra pepita, esta perpretada pelo baixista Miyamoto e seu sexteto formado por Kunji Shigi (trompete e flugelhorn), Takashi Furya (sax alto), Takeshi Goto (sax soprano e tenor), Masayoshi Yaneda (piano) e Shoji Nakayama (bateria). Mais uma session do mais fino post hard bop modal. Todas as cinco faixas são matadoras, com destaque para a sublime homenagem a John Coltrane em 'One for Trane'. Já veterano da cena jazz japa, ativo desde o início dos anos 60, Miyamoto monstou esses sexteto com alguns bem jovens e outros mais velhos, mas todos excelentes, e deu ao mundo mais uma obra prima do jazz de olho puxado. 

Faixas: 
01 - Step Right Up to the Bottom
02 - One for Trane
03 - A New Shade of Blue
04 - Where Do They Go?
05 - Blues


Norio Maeda & Jiro Inagaki All-Stars - This is Jazz-Rock (1968)


Parte da série Ready-Made Jazz Rock da gravadora Columbia Japan, esse disco é um bom exemplo do tal jazz rock. Mais acessível do que as pirações post hard bop modais dos discos anteriores, This is Jazz Rock entrega o que promete: versões jazzy-bossa de clássicos do rock e do fusion. Quem lidera a brincadeira são Maeda (órgão Hammond) e Inagaki (sax tenor), acompanhados por trompete, guitarra, baixo, bateria e percussão. Versões de Watermelon Man (Herbie Hancock), House of the Rising Sun (The Animals), Day Tripper (Beatles) e Pata Pata (Mirian Makeba) proporcionam a alegria sonora. 

Faixas:
01 - Pata Pata
02 - Mercy, Mercy, Mercy 
03 - Day Tripper
04 - Snap Shot
05 - My Girl
06 - Boom Boom
07 - Watermelon Man
08 - Barock 
09 - House of the Rising Sun
10 - Go Go a Go Go
11 - Soil Finger
12 - Here, There and Everywhere


E por hoje é só! Arigatô, Sayonara!



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lula Côrtes e Zé Ramalho - Paêbirú (1975)


O pernambucano Lula Côrtes deixou esta Terra no último dia 26 de março, aos 61 anos. Ele será lembrado para sempre como o cérebro frito por trás de um dos discos mais lendários e enigmáticos da história da música brasileira, Paêbirú. Muito se escreveu sobre a lenda que cerca esse tratado psicodélico hippie nordestino. Com um jovem e ainda desconhecido Zé Ramalho e com uma mítica banda de apoio formada por Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros, todos membros da mutcholoca cena psicodélica recifense de meados dos anos 70, o falecido Lula gravou este disco duplo entre outubro e dezembro de 1974, alimentado por diversos alteradores de consciência, pela gravadora Rozemblit. Ele já tinha no currículo o também altamente psicodélico Satwa, lançado um ano antes. 


Cada um dos quatro lados do álbum representava um elemento (terra, ar, fogo e água), e o conceito (sim, é um álbum conceitual) "conta a história da Pedra do Ingá, um monólito existente no interior da Paraíba que sinalizaria um caminho 'a pé pro Peru' (daí Paêbirú, na língua dos índios cariris), mais precisamente Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas. (segundo Rodrigo de Andrade. Já para Fernando Rosa, o Senhor F., o Paêbirú do título significa 'caminho do sol' na língua inca. Bem, de qualquer forma vocês sentiram o drama: hippismo dos fortes. As músicas são psicodelia pesada, repletas de ensandecidas violas, guitarras, baixo pesado, muitos sopros (com destaque pras flautas, claro) e vocais inacreditáveis, "árabes", na definição do Sr. F. Enfim, viajeira forte. 


Mas a lenda do disco vai além. Originalmente foram prensadas 1000 cópias, mas uma enchente no depósito da gravadora, às margens do rio Capibaribe, levou embora a maioria, junto com as fitas master, e estima-se que apenas 300 cópias sobrevivem, nas mãos de colecionadores, que chegam a pedir R$ 5 mil reais por uma cópia. Selos gringos relançaram o bolachão, mas copiados de outros vinis, sem as masters, a qualidade de som não é das melhores. De qualquer forma, o rip em MP3 do mítico Paêbirú circula por aí, e não poderia faltar neste Ouveaê. 


O jornalista Cristiano Bastos foi ao interior da Paraíba conhecer a Pedra do Ingá e a lenda por trás do disco para uma matéria da Rolling Stone, e junto com Leonardo Bonfim, fez um documentário sobre a busca. Dá uma conferida no trailer:









e boa viagem com a fritação de Lula, Zé e os fritos pernambucanos:

Lula Côrtes e Zé Ramalho - Paêbirú (1975)



Terra
1. Trilha de Sumé
2. Culto a Terra
3. Bailado das Muscarias

Ar
4. Harpa dos Ares
5. Não Existe Molhado Igual ao Pranto
6. Omm

Fogo
7. Raga dos Raios
8. Nas Paredes da Pedra Encantada
9. Marácas de Fogo

Água
10. Louvação a Iemanjá
11. Regato da Montanha
12. Beira Mar
13. Pedra Templo Animal
14. Trilha de Sumé

(link devidamente surrupiado do obrigatório Brazilian Nuggets)