O pernambucano Lula Côrtes deixou esta Terra no último dia 26 de março, aos 61 anos. Ele será lembrado para sempre como o cérebro frito por trás de um dos discos mais lendários e enigmáticos da história da música brasileira, Paêbirú. Muito se escreveu sobre a lenda que cerca esse tratado psicodélico hippie nordestino. Com um jovem e ainda desconhecido Zé Ramalho e com uma mítica banda de apoio formada por Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros, todos membros da mutcholoca cena psicodélica recifense de meados dos anos 70, o falecido Lula gravou este disco duplo entre outubro e dezembro de 1974, alimentado por diversos alteradores de consciência, pela gravadora Rozemblit. Ele já tinha no currículo o também altamente psicodélico Satwa, lançado um ano antes.
Cada um dos quatro lados do álbum representava um elemento (terra, ar, fogo e água), e o conceito (sim, é um álbum conceitual) "conta a história da Pedra do Ingá, um monólito existente no interior da Paraíba que sinalizaria um caminho 'a pé pro Peru' (daí Paêbirú, na língua dos índios cariris), mais precisamente Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas. (segundo Rodrigo de Andrade. Já para Fernando Rosa, o Senhor F., o Paêbirú do título significa 'caminho do sol' na língua inca. Bem, de qualquer forma vocês sentiram o drama: hippismo dos fortes. As músicas são psicodelia pesada, repletas de ensandecidas violas, guitarras, baixo pesado, muitos sopros (com destaque pras flautas, claro) e vocais inacreditáveis, "árabes", na definição do Sr. F. Enfim, viajeira forte.
Mas a lenda do disco vai além. Originalmente foram prensadas 1000 cópias, mas uma enchente no depósito da gravadora, às margens do rio Capibaribe, levou embora a maioria, junto com as fitas master, e estima-se que apenas 300 cópias sobrevivem, nas mãos de colecionadores, que chegam a pedir R$ 5 mil reais por uma cópia. Selos gringos relançaram o bolachão, mas copiados de outros vinis, sem as masters, a qualidade de som não é das melhores. De qualquer forma, o rip em MP3 do mítico Paêbirú circula por aí, e não poderia faltar neste Ouveaê.
O jornalista Cristiano Bastos foi ao interior da Paraíba conhecer a Pedra do Ingá e a lenda por trás do disco para uma matéria da Rolling Stone, e junto com Leonardo Bonfim, fez um documentário sobre a busca. Dá uma conferida no trailer:
e boa viagem com a fritação de Lula, Zé e os fritos pernambucanos:
Lula Côrtes e Zé Ramalho - Paêbirú (1975)
Terra
1. Trilha de Sumé
2. Culto a Terra
3. Bailado das Muscarias
Ar
4. Harpa dos Ares
5. Não Existe Molhado Igual ao Pranto
6. Omm
5. Não Existe Molhado Igual ao Pranto
6. Omm
Fogo
7. Raga dos Raios
8. Nas Paredes da Pedra Encantada
9. Marácas de Fogo
8. Nas Paredes da Pedra Encantada
9. Marácas de Fogo
Água
10. Louvação a Iemanjá
11. Regato da Montanha
12. Beira Mar
13. Pedra Templo Animal
11. Regato da Montanha
12. Beira Mar
13. Pedra Templo Animal
14. Trilha de Sumé
(link devidamente surrupiado do obrigatório Brazilian Nuggets)
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