segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Pavement está de volta

Mais um sintoma da volta aos nineties foi a anunciada volta de uma das bandas mais representativas do rock aletrnativo norte-americano dos anos 90, o Pavement. Formado em 1989 pelos amigos de infância Stephen Malkmus e Scott Kannberg, que dividem os vocais e a guitarra, o Pavement marcou época com sua sonoridade lo-fi, de músicas com estrutura 'fraturada', distorções repentinas, muito ruído branco e letras malucas e lacônicas. Em 1992 eles lançaram o clássico Slanted and Enchanted, com o baixista Mark Ibold e o baterista frito Gary Young, que deixou a banda um ano depois. Em 1994, com Steve West na bateria, eles lançaram o também maravilhoso Crooked Rain, Crooked Rain, que trazia o hit "Cut Your Hair". Isso não foi suficiente para levá-los ao mainstream, e o Pavement passou o restante da década militando no underground americano, e seu culto chegou à Europa e lugares distantes como o Brasil. Eles ainda lançaram mais três álbuns: Wowee Zowee, em 1995, Brighten the Corners, em 1997, e Terror Twillight, em 1999, ano em que a banda acabou, de maneira abrupta. Agora, 11 anos depois, eles estão de volta, e o que seriam apenas dois shows beneficentes já viraram uma turnê mundial, com rumores de shows no Brasil, inclusive abrindo para sir Paul McCartney. Para aquecer, lá vão os dois primeiros e essenciais álbuns dessa banda tão querida

Pavement - Slanted and Enchanted (1992)


O primeiro álbum do Pavement começa com a porrada "Summer Babe" e segue com outras pedradas, como Trigger Cut" e a fantástica "Loretta's Scars". Foi o disco que mudou a face do rock alternativo dos EUA ao abrir caminho para as experimentações lo-fi, com muita distorção e ruído por cima de melodias fofas e letras surreais.

01 - Summer Babe
02 - Trigger Cut
03 - No Life Singed Her
04 - In the Mouth a Desert
05 - Conduit for Sale!
06 - Zurich is Stained
07 - Chesley's Little Wrists
08 - Loretta's Scars
09 - Here
10 - Two States
11 - Perfume V
12 - Fame Throwa
13 - Jackals, False Grails: The Lonesome Era
14 - Our Singer

Ouveaê!

Pavement - Crooked Rain, Crooked Rain (1994)

Dois anos depois, com um baterista menos frito, o Pavement sobreviveu bem à "maldição do segundo disco". Menos experimental e mais pop, mas nem tanto, Crooked Rain, Crooked Rain trazia o hit "Cut Your Hair", que ganhou o videoclipe sensacional.




01 - Silence Kit
02 - Elevate Me Later
03 - Stop Breathin’
04 - Cut Your Hair
05 - Newark Wilder
06 - Unfair
07 - Gold Soundz
08 - 5-4=Unity
09 - Range Life
10 - Heaven Is a Truck
11 - Hit the Plane Down
12 - Fillmore Jive

Ouveaê!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Música na cadeia


Não estava conseguindo pensar em um disco pra por aqui, mas ontem na madruga voltando pra casa após a cerca frango no carro do Erick, tocou na Mitsubishi FM a sensacional "Cocaine Blues", do grande Johnny Cash, e percebi que estava faltando aqui o discaço do homem gravado em 1968 na prisão californiana de Folsom, um dos grandes clássicos do badass country. Lembrei também que outro grande, o blueseiro BB King, também havia gravado um disco na cadeia, nesse caso na Cook County Jail, perto de Chicago. Portanto aí vai uma dobradinha de discos clássicos gravados ao vivo perante uma plateia formada por assassinos, assaltantes, estelionatários, traficantes, estupradores... enfim, tudo gente fina.

Johnny Cash - At Folsom Prison (1968)


Muitos (eu inclusive) torcem o nariz para esse estilo, mas muitos (eu inclusive), dizem: "eu não gosto de country, mas johnny cash detona!". Pois é, o cara era fodão. O grande lance de Cash foi juntar as melodias country à rebeldia do rock and roll, afinal ele foi uma das crias da Sun Records, de Memphis, que lançou também nomes como Carl Perkins, Jerry Lee Lewis e um certo Elvis Presley. Em 1968 Johnny Cash já era um astro da música country americana, tinha se casado com a ex-cantora mirim June Carter e tentava se livrar do vício em remédios (tudo bem retratado na cinebiografia Johhny e June). Para se purificar, o homem agendou essa apresentação na infame prisão californiana. No setlist, só música sobre bandidagem, morte, cadeia, drogas, redenção, e claro, mulher. Ainda na Sun Records, o primeiro sucesso lançado por Cash foi "Folsom Prison Blues", que, após a clássica introdução "Hello, I'm Johnny Cash", abre a apresentação para delírio da bandidagem. Seguem pepitas como a já citada "Cocaine Blues" ("i took a shot of cocaine and I shot my woman down".. badass!), "25 minutes to go" (que narra os últimos momentos de um homem no corredor da morte), "I got stripes", "Orange blossom special" e "Jackson", esta em dueto com a esposa June. A energia da platéia criminosa e a maestria de Cash em domar essa energia, que poderia fácil virar uma rebelião, dão o tom do disco.

Johnny Cash - At Folsom Prison (1968)


01 - Folsom Prison Blues
02 - Busted
03 - Dark as a Dungeon
04 - I Still Miss Someone
05 - Cocaine Blues
06 - 25 Minutes to Go
07 - Orange Blossom Special
08 - The Long Black Veil
09 - Send a Picture of Mother
10 - The Wall
11 - Dirty Old Egg-Suckin’ Dog
12 - Flushed from the Bathroom of Your Heart
13 - Joe Bean
14 - Jackson
15 - Give My Love to Rose
16 - I Got Stripes
17 - The Legend of John Henry’s Hammer
18 - Green, Green Grass of Home
19 - Greystone Chapel

B.B. King - Live at Cook County Jail (1971)


Esse eu conhecia do vinil que o Caco tinha e hoje se encontra na Manga Rosa. Vale ler o texto da contracapa, escrito por Geoffrey Harding, um dos presos que assistiu a apresentação. A cadeia próxima a Chicago era uma das mais violentas dos EUA quando, em 1968, um novo diretor, o psiquiatra negro Winston E. Moore, chegou e mudou tudo. Pra começar, confiscou três geladeiras de celas ocupadas por mafiosos, além do tradicional confisco de armas e drogas. Claro que os presos não gostaram muito, então para acalmar os ânimos ele promoveu esse show do Rei do Blues no pátio da prisão. E a química entre o bluesman e os presos foi total, ambas as partes parecem muito felizes com o show, que começa com a detonante "Every day I have the blues", seguida por "How blue can you get" e atinge o ápice com uma das melhores versões do clássico "The thrill is gone". Sonzeraça!

B.B. King - Live at Cook County Jail (1971)

01 - Introductions 
02 - Every day I have the blues
03 - How blue can you get?
04 - Worry, Worry
05 - Medley: 3 o'clock blues/Darlin' you know I love you
06 - Sweet sixteen
07 - The thrill is gone
08 - Please accept my love