sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Native Brazilian Music - Registro Histórico da Música Brasileira!


Em 1940 o Brasil viva sob o Estado Novo de Getúlio Vargas e era um país essencialmente rural de 40 milhões de pessoas. Adolf Hitler estava conquistando a Europa e a ditadura de Vargas estava perigosamente próxima do Eixo nazi-facista. A capital política e cultural brasileira era o Rio de Janeiro, onde se desenvolvia a música que viria a ser a música popular brasileira, sob a égide do samba. Heitor Villa-Lobos, que já tinha reconhecimento internacional por suas composições eruditas com influência da música brasileira de raiz, conhecia muito bem os músicos de samba, choro, embolada, rancho, batucada, macumba, que ainda eram vistos como marginais pela sociedade.

Neste período, os EUA ainda não haviam entrado na guerra, mas sabiam que mais cedo ou mais tarde isso era inevitável. E iniciaram a chamada "política da boa vizinhança para trazer para o seu lado as nações do continente americano. (Além do Brasil, a Argentina também estava perigosamente próxima de Hitler.) Fizeram isso com missões de suas principais figuras culturais para o cone sul. As mais ocnhecidas foram a passagem de Walt Disney e Orson Welles, que geraram respectivamente o personagem Zé Carioca e o malfadado documentário It's All True. Menos conhecida mas talvez mais histórica foi a passagem do maestro Leopold Stokowski, o mesmo que regeu a trilha de Fantasia. Isso porque, sob encomenda da gravadora Columbia, Stokowski montou um estúdio de gravação no S.S. Uruguay, o navio que o trouxe, e pediu para Villa-Lobos reunir a nata da música brasileira para uma sessão de gravação a bordo do navio. Ele chamou Donga, Zé Espinguela e Cartola, que chamaram os amigos. Assim se juntaram Pixinguinha, João da Bahiana, Zé da Zilda, Jararaca e Ratinho e Luiz Americano, além de instrumentistas, a vocalista Janir Martins e cantores do Coral Orfeão Villa-Lobos. Numa noite de agosto de 1940, eles subiram a bordo do Uruguay e realizaram o que talvez sejam as gravações mais históricas da música de raiz brasileiras.

Essas gravações quase foram perdidas e a história de sua busca é quase tão curiosa quanto a própria história de seu registro em 1940. A jornalista americana de alma brasileira Daniela Thompson conta toda a história magistralmente. O que nos resta é apenas ouvir esses registros históricos, devidamente preservados para a posteridade no Registro Histórico da Biblioteca do Congresso dos EUA.


Native Brazilian Music - Vários Artistas - Direção: Leopold Stokowski (1942)

1 Macumba De Oxóssi – Zé Espinguela – (Donga & José Espinguela) (2:24)
2 Macumba De Iansã – Zé Espinguela – (Donga & José Espinguela) (2:25)
3 Ranchinho Desfeito – Mauro César & Pixinguinha – (Donga, De Castro E Souza & David Nasser) (2:25)
4 Caboclo Do Mato – João Da Baiana & Janir Martins – (Getúlio Marinho Da Silva “Amor”) (2:37)
5 Seu Mané Luiz – Zé Da Zilda & Janir Martins – (Donga & J. Cascata) (2:45)
6 Bambo Do Bambu – Jararaca E Ratinho & Laurindo Almeida – (Donga) (2:19)
7 Sapo No Saco – Jararaca E Ratinho – (Jararaca) (2:28)
8 Que Quere Que Quê – João Da Baiana – (João Da Bahiana, Donga & Pixinguinha) (2:42)
9 Zé Barbino – Pixinguinha & Jararaca – (Pixinguinha & Jararaca) (2:32)
10 Tocando Pra Você – Luiz Americano – (Luiz Americano) (2:21)
11 Passarinho Bateu Asas – Zé Da Zilda & Pixinguinha – (Donga) (2:25)
12 Pelo Telefone – Zé Da Zilda & Pixinguinha – (Donga) (2:26)
13 Quem Me Vê Sorrir – Cartola – (Cartola & Carlos Cachaça) (2:23)
14 Teiru – Quarteto Do Coral Orfeão Villa-Lobos – (Tradicional & Heitor Villa-Lobos) (2:08)
15 Nozani-Ná – Quarteto Do Coral Orfeão Villa-Lobos – (Tradicional & Heitor Villa-Lobos) (0:45)
16 Cantiga De Festa – Zé Espinguela – (Donga & José Espinguela) (2:27)
17 Canidé Ioune – Quarteto Do Coral Orfeão Villa-Lobos – (Tradicional & Heitor Villa-Lobos) (2:40)

Ouveaê!

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